Confesso que de vez em quando eu gostaria de ter o dom de ver a beleza onde ela (aparentemente) não existe. Pois a bola da vez no inflado mundo indie é o The xx (sim, minúsculas), quarteto inglês de moleques na casa dos vinte anos – dois rapazes e duas moças - formado em 2005 e que acaba de debutar com o álbum “xx”. A banda foi colocada em 6º lugar na “The Future 50” (compilação de nomes que serão o futuro da música reunido este mês pelo tablóide musical londrino NME) e seu álbum recebeu notas e estrelas perto do máximo por parte de veículos relevantes como The Guardian, Pitchfork Media, The Times e The Observer. OK, mas o falatório se equivale ao que sai das caixas de som? Bom, se for ouvir “xx”, não se deixe enganar pelo delay nas guitarras e pela batida empolgante da faixa de abertura instrumental (“Intro”), porque ela nem de longe entrega o que está por vir: daí pra frente o disco se divide em dez variações para o mesmo tema: vocais sonolentos, arranhões de palheta nas seis cordas, bateria eletrônica de bolso e letras sobre o universo em desencanto das relações adolescentes. Tudo isso embalado num pacotão indie lo-fi, pretensamente de som simples e atitude blasé, mas que parece ter cada movimento estudado à exaustão pra captar a audiência e a atenção de quem conhece o mundo sem Jesus & Mary Chain. Assista o vídeo de “Crystalised” e veja se dá pra levar a sério uma banda que reclama para si influências que vão de Rihanna à The Cure e de Pixies à Mariah Carey.
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