Se o Nero fosse uma banda de rock, eles seriam o Asia. Assim como o supergrupo de Steve Howe, tudo o que a dupla inglesa Daniel Stephens e Joe Ray faz é super produzido, pirotécnico, explosivo - e farofa. Se trabalhos como esse fazem parte da tentativa inglesa de popularizar o dubstep, tenho a felicidade de dizer que essa revolução não vai ultrapassar a janela das casas britânicas - porque lá (e só lá) o público caiu como um patinho: o debut Welcome Reality foi direto pro topo do paradão inglês.
Soando como uma trilha sonora de algum game frenético atual, o único resquício de humanidade em Welcome Reality são os vocais de Alana Watson, porque a impressão que eu tenho é que esse disco saiu de uma linha de montagem chinesa direto pros consoles do Playstation - como que começando a comprovar a tese defendida por caras como o André Forastieri, que diz que os games vão substituir a música pop no nível de interesse da molecada dentro de pouco tempo (se é que já não substituiu) - tal o grau de rigor geométrico das linhas melódicas eletrônicas; tudo se encaixa como um Tetris musical onde nada pode estar fora do lugar e acaba resultando num álbum de uma frieza emocional batendo no vermelho. E quando você descobre que a única música que te chamou atenção ("Must Be The Feeling") não passa de um remix de um semi-obscuro electro-funk de 1984 chamado "Time To Move" da cantora Carmen, é porque o Nero não merece estar nas suas caixas de som.
"Promises": Nero inaugura mais uma categoria, o dubstep farofa.
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