Synthpop brazuca cresce e aparece. The Chanceller é o projeto do produtor e vocalista Luciano Cardozo, disco lançado há um mês (Painted In Black, independente) e mini-tour de divulgação acontecendo.
Luciano reivindica para si influências que vão de Kraftwerk à New Order, que junto com o Depeche Mode estão presentes no genoma de qualquer banda do gênero, mas curiosamente não percebi com clareza essas influências em Painted In Black - a não ser no arranjo simplório de "Don't You Dare" e na instrumental "Surfin Square", que lembram muito aquele technopop de base sintético/monofônica urdido tecla por tecla no começo da carreira do próprio Depeche. A mim pareceu que, mesmo sem querer, o Chanceller está mais próximo da escola belga do EBM praticado por gente como Neon Judgement nas faixas mais viscerais (como "Time To Sleep") - que por tabela era algo que a banda santista Harry fazia admiravelmente bem na segunda metade dos 80 e começo dos 90. Quando a pegada é puramente eletrônica como em "Blood Stain" ou no single "Brokens Dreams (Like That)", o Chanceller cria um experimento imaginário com um hipotético Front 242 sem a muralha de samplers ou um Nitzer Ebb sem hits de pista, tanto na temática quanto nos vocais mais próximos à Douglas McCarthy e Jean-Luc De Meyer do que do onipresente Dave Gahan. O synthpop em que o projeto se autodefine está manifesto mesmo é na bela instrumental "Runaround" e nos blips intricados de "Surrounded" - onde é possível ter idéia da parcela de culpa do britânico Vince Clarke na paixão de Cardozo por sintetizadores. Com uma imagem ainda assustadora demais pra frequentar o Domingão do Faustão mas com um nicho de mercado garantido por algum tempo no underground, resta saber onde o Chanceller quer chegar. Acho que seria realmente um desperdício um hit em potencial com um gancho de teclado atraente como o de "Tease, Chase, Kill (Me)" ser ouvido somente por um público vestido de preto em clubes Brasil afora.
O vídeo de "Tease, Chase, Kill (Me)": pernas pra que te quero.
O vídeo de "Tease, Chase, Kill (Me)": pernas pra que te quero.
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