Unpatterns - novo álbum da dupla inglesa Simian Mobile Disco - traz nove lições de anatomia com capítulo extra para a neurociência: James Ford e Jas Shaw ensinam exatamente onde ficam os membros inferiores, mas fazem questão de lembrar que é o cérebro que comanda essa brincadeira toda.
Enganou-se quem pensou (eu, por exemplo) que o primeiro single do disco ("Seraphim") seria termômetro de alguma coisa. Fora o experimento chiptune de "The Dream of the Fisherman's Wife", Unpatterns vem com um vivíssimo tech house cheio de grooves musculosos, vocais que se limitam a repetir o título das canções (e isso só acontece em quatro faixas) e uma paleta de sintetizadores diversificada o suficiente pra tingir tudo com bleeps electro insinuantes. Ouvir o tema central de teclado em "Cerulean" sendo martelado meio ao acaso parece uma brincadeira na linha "meu primeiro Casio ToneBank", mas repare como as coisas vão acontecendo lá no fundo: cristais sintetizados vão flutuando por entre a melodia enquanto o bumbo e o baixo vão fazendo a coisa toda se movimentar como uma locomotiva. Músicas como "Put Your Hands Together" (onde o mantra é apresentado em forma de loop vocal) e "A Species Out of Control" (com seus synths irregulares e pulsos elétricos ditando o ritmo em código Morse) justificam a realização de um álbum num mundo de lançamentos cada vez mais direcionados aos singles e EPs. Basta ter força criativa e feeling de pista o bastante como o Simian.
"Cerulean": melodia de precisão geométrica.
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