Naquele 1996 fervilhando de boa música pop, "Insomnia" era uma estranha no ninho. Tocava direto nas rádios, mas não era pop. Não tinha refrão, mas seu riff memorável de sintetizador grudou na cabeça de todo mundo. Era uma narrativa sombria com um clima eletrônico-opressivo impressionante, mas provocava devastação nas danceterias.
Como explicar o sucesso absurdo desse single? Impossível. O que dá pra dizer é que o Faithless apareceu com alguma coisa realmente diferente na dance music de então. O rosto da banda não tinha nada de glamouroso: tratava-se do rapper londrino Maxwell Alexander Fraser, o Maxi Jazz. Esquálido, olhar profundo, movimentos lentos... é dele a voz gutural e perturbadora de "Insomnia". Musicalmente, a banda estava muito bem amparada pela dupla Ayalah Bentovim (Sister Bliss, multi-instrumentista) e Rollo Armstrong (produtor e irmão da cantora Dido), responsáveis pela linha de baixo furiosa e pela produção notável da faixa. Fundindo trance e eurohouse sob uma ótica escurecida, o single foi sucesso no mundo todo, e abriu caminho para um padrão Faithless de eletrônica de pista que gerou outros mega hits como "God Is A DJ" e "We Come One". A banda acabou ano passado, mas "Insomnia" fica como um dos maiores hinos da dance music de todos os tempos.
"Insomnia": I can't get no sleep.
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