Abraham Orellana é um nome pra se prestar atenção. Mergulhado no mundo dos beats desde 2006, o jovem produtor americano estreou em Junho desse ano com seu Electronic Dream - um título de gosto suspeito, mas com conteúdo pra desfazer qualquer sobrancelha levantada em sinal de desconfiança.
O seu exército de batidas de um homem só atende pelo nome de AraabMUSIK e o instrumento de trabalho está nas fotos acima: o Akai MPC, misto de sampler com bateria eletrônica programável. Com ele, Orellana cria linhas de chimbau que passam na velocidade da luz por cima de bumbos e caixas de ritmos irregulares que lembram um dubstep sem subgrave. O que é curioso na música do AraabMUSIK é a influência do trance, no bom e no mau sentido. Quando erra, Orellana se sai com umas coisas dignas de figurar na trilha do Caldeirão do Huck - como em "Lift Off" e seu riff de sintetizador que é algo rave-nas-areias-de-Camboriú, e que ainda sampleia a farofíssima "Castles In The Sky" de Ian van Dahl. Outros momentos desagradáveis do disco estão no timbre irritante do teclado de "Free Spirit" (também, com esse nome não poderia ser coisa boa) e na definitivamente descontrolada "Underground Stream". Fora esses deslizes, as faixas surpreendem especialmente porque os vocais em todo o álbum são um sonho, eles levitam sobre as batidas como se estivessem reverberando dentro de uma catedral. "Feelin So Hood" (com sample de "So High" do Starchaser) e "Golden Touch" (inspirada no hino "Right In The Night" de Jam & Spoon) são exemplos recomendáveis para entender que a fusão trance/hip-hop não dá besteira nas mãos do AraabMUSIK. Orellana aponta suas baterias pro hip-hop, mas produziu um álbum quase ambient que causa uma sensação de pasmaceira e fascinação diante de vozes delicadas duelando com beats chapados, teclados esparços e samples improváveis de artistas dance mainstream como Jam & Spoon, Kaskade e OceanLab. Será que já inventaram o rótulo trance-hop?
No comments:
Post a Comment