Se você leu por aí que Tom Jenkinson deu uma diluída na sua música em seu novo álbum Ufabulum (lançamento oficial previsto para 14 de Maio), melhor ouvir o disco com mais atenção.
Reconheço que nunca ouvi um Squarepusher tão palatável quanto o de "Unreal Square" - vai ver foi por isso mesmo que ele chamou essa música assim. Mas não se engane. A melodia ingênua e o rufar marcial dos tambores vai só até a metade da faixa: dali pra frente Jenkinson trata de subverter tudo, revirando as baterias e partindo os teclados em pedacinhos. Em "Energy Wizard" é a mesma coisa: sintetizadores afáveis começam fazendo carinho nos seus ouvidos mas logo se transformam em monstros cibernéticos pulando de um lado para outro das caixas de som. Na progressiva "Stadium Ice" parece que um Steve Vai autômato aparece solando entre batidas trêmulas e timbres new age. A ameaçadora "Red In Blue" divide o álbum. A partir daí, Ufabulum entra num terreno escuro de eletrônica abstrata e experimental de nada fácil audição. Ouvir "The Metallurgist", "Drax 2" e "303 Scopem Hard" é como dormir e acordar no meio de um filme de David Lynch. Jenkinson ameniza os ataques em "Dark Steering" e "Ecstatic Shock", mas sem facilitar muito. As duas faixas igualam-se no clima opressivo e nos estrondos metálicos de percussão, mas trazem uma sucessão de sons menos agressivos. De qualquer maneira, Ufabulum é um ótimo disco de eletrônica. Nem sempre agradável, mas também nada previsível e que passa longe da descartabilidade.
"Unreal Square" ao vivo: audiovisual ao pé da letra.
"Unreal Square" ao vivo: audiovisual ao pé da letra.
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