Eu desconfio de qualquer coisa que receber o rótulo IDM. Ainda não vi essa tag destinada ao Floating Points, mas imagino os dedos de gente que escreve sobre o projeto do britânico Samuel Shepherd coçando pra classificar assim o trabalho do cara.
OK, aqui a gente encontra experimentalismo, beats desengonçados e timbragens incomuns, mas dance music? Não. Seu EP mais recente (Shadows) não encontra paridade com bandas como Autechre, mas também não ficaria tão deslocado assim se estivesse na mesma prateleira. O que temos nas cinco faixas são longas trips instrumentais onde há um esqueleto por vezes linear como em "ARP3", onde a base garage pavimenta o caminho para o piano elétrico Fender Rhodes duelar com a linha de baixo durante os nove minutos da canção. Quando a polirritmia é que rege a estrutura, Shepherd causa uma espécie de desonrientação temporária com as baterias estilhaçando o andamento de "Realise" e "Obfuse". Jazzístico e delicado, Shadows já se pagaria só com duas faixas: "Myrtle Avenue" e "Sais" são dois exemplos de bom gosto na escolha dos timbres e talento para juntar eletrônica e experimentação num formato anti-pop na duração, mas perfeitamente digerível para simples amantes da música eletrônica.
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