Mayer Hawthorne (nome verdadeiro: Andrew Mayer Cohen) é um cara estranho. É alvíssimo e tem só 29 anos, mas canta como se fosse um soulman negro veterano. E não é só. Esse americano do estado de Michigan também é produtor, arranjador, compositor, engenheiro de som, DJ, rapper e multi-instrumentista. E ainda não sei ao certo, mas tudo isso provavelmente fez com que o nome dele esteja em todos os lugares nos créditos de seu recém lançado “A Strange Arrangement”. Aliás, o disco é sensacional. Em pouco mais de meia hora, Mayer desfila uma coleção de 11 canções (descontando os 25 segundos da introdução da faixa 1, chamada “Prelude”) que não merecem estar no balaio de gatos chamado neo-soul. Porque o caso aqui não é simplesmente uma atualização moderna com os surrados clichês do gênero: Mayer gravou um disco como se fosse parte do cast da Motown em 1966. E pra isso, ele se vale de seu falsete afinadíssimo (repare no magnífico trabalho vocal de “Just Ain't Gonna Work Out”), de arranjos de metais matadores (“Maybe So, Maybe No”, “Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'“, “The Ills”), de baladas ao piano arrepiantes (“A Strange Arrangement”, “Shiny And New”) e fartas doses de suingue e ritmo, com cada instrumento cirurgicamente colocado (“Let Me Know”, “Make Her Mine”, “One Track Mind”). Mayer Hawthorne assimilou suas influências de Smokey Robinson e Curtis Mayfield e não fez um pastiche de seus ídolos: ele pegou o bastão onde os mestres largaram, ou seja, em algum lugar no começo dos anos 70. Meu voto de Revelação do Ano já vai pra ele.
Aí o vídeo com o single de estréia de Mayer Hawthorne, "Just Ain't Gonna Work Out/When I Said Goodbye". Detalhe, o single é esse mesmo que ele carrega pra cima e pra baixo, em forma de coração. Maravilha.
No comments:
Post a Comment