Gravando singles house/electro desde 2001 sob o pseudônimo Plasma ou assinando a autoria dos trabalhos com seu próprio nome, foi só em 2004 que o austríaco Marcus Füreder decidiu direcionar sua música para a house com fartas doses de jazz. A partir daí, ele assume o alter ego Parov Stelar e funda seu próprio selo - especializado em jazz eletrônico, o Etage Noir Recordings. E desde o seu primeiro 12”, Füreder vem mantendo um padrão de qualidade que impressiona: são vários singles e EPs e quatro álbuns de material inédito (incluindo o recente “Coco”, lançado em 14 de Setembro) explorando o lado mais enxuto da eletrônica aliado a samples irreconhecíveis de ritmos até então conservados em formol, como o ragtime. Parov Stelar forjou uma sonoridade única, facilmente identificável – e mais fácil ainda de ouvir. Seu trabalho mais equilibrado até agora é justamente “Coco”. O disco abre com a faixa-título puxada por um piano melancólico, vocais tristes mas contidos da também austríaca Lilja Bloom (cantora do selo de Füreder) e violinos que aparecem e somem no meio das batidas quebradas. A diversidade aparece nos trompetes com surdina de “Hurt”, nas clarinetas e no swing algo Benny Goodman de “For Rose”, na levada pop, scratches, teclados e vocais filtrados de “True Romance”. E o que é o clima de bar jazz enfumaçado no começo de “Distance”, com o belíssimo timbre de Eva Klampfer e que recebe uma base de sintetizador e se transforma numa faixa tecno? E o baixo galopante, piano elétrico e improvisos jazzy em “Wake Up Sister”? Há ainda jazz rap em “Sunny Bunny Blues”, a big band cibernética de “Your Man”, a quase rock “You And Me” e mais os extras do CD bonus, que incluem faixas de singles ultra-dançantes como “Libella Swing”. Uma ótima oportunidade para conhecer o esmerado trabalho de Parov Stelar: mais um disco de future jazz acessível, eclético e que vai muito além das trilhas lounge de encomenda.
Cafajestes aos montes e mulheres mais lindas que a realidade habitam o vídeo de "Coco":
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