Teoria: mais difícil do que criar um som novo é reproduzir com perfeição algo que já foi sucesso um tempo atrás. Concorda? Os canadenses do Junior Boys vem tentando há quatro álbuns transportar aquela sonoridade do synthpop britânico da primeira metade dos 80 para os dias do dubstep. Ou não, vai saber qual é a intenção de Jeremy Greenspan e Matt Didemus quando usam esses sintetizadores limpinhos nas canções de seu disco mais recente, It's All True.
Cada vez que ouço Junior Boys minha sensação de que a dupla é uma versão do Hot Chip do lado de cá do Atlântico é reforçada: vocais tímidos, timbres aconchegantes, quase dançável, quase indietrônica. Não é ruim, longe disso. Mas também não é muito excitante. Você, fã ardoroso de electropop, vai certamente procurar o botão do repeat em "You'll Improve Me", uma maravilha de quase seis minutos que parece ter tido a disciplina paciente de ser construída com uma tecla sendo apertada de cada vez ao invés de cliques nervosos nos synths virtuais, de tão eficiente e milimétrica que é. O problema é que esse mesmo tesão que surge ao ouvir uma canção dessas se esvai quando coisas como a indecisa "The Reservoir" aparecem. E lá vem quatro minutos arrastados por blips e vocais em falsete cansativos. E assim It's All True vai, um tiquinho mais sexy aqui ("Kick The Can"), um tanto mais soporífero ali ("Playtime"), o que resulta num trabalho inevitavelmente irregular. Ouvir esse álbum é como zapear a TV sábado a noite: satisfação e desapontamento andam lado a lado o tempo todo.
It's All True: duas metades desiguais.
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